A DOAÇÃO E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS: UMA DISCUSSÃO EM VIDA E PÓS MORTE

Resumo

O presente estudo tem por objetivo analisar a representação e o nível de conhecimento de três grupos sociais sobre a doação de órgãos, lei dos transplantes e temas que suscitam questionamentos éticos. A amostra foi composta por 25 estudantes do 7° período do curso de medicina da UFPB, 25 estudantes do 3° ano do curso de direito da UFPB e 25 pessoas do grupo evangelizador, da vila de pescadores, bairro de Manaíra na Cidade de João Pessoa na Paraíba. A pesquisa foi realizada no período dezembro de 2006 a fevereiro 2007. Para a coleta de dados o instrumento utilizado foi um questionário, composto de perguntas abertas e fechadas. Para as respostas fechadas aplicou-se as análises estatísticas descritivas e para as justificativas a técnica de análise de conteúdo. Os dados mostram que a maioria dos entrevistados é favorável a doação de órgãos, tanto a doação feita após a morte encefálica, como em vida, ressalvando o grupo dos estudantes de medicina e direito que só doariam em vida para parentes e ou amigos. Sobre o conhecimento da lei de transplantes de órgãos, os dados apontam que a maioria não conhece a lei, como também não confia na lista única de receptores. Sobre a confiança no diagnostico da morte encefálica, 64% dos estudantes de medicina responderam que confiam no diagnóstico, enquanto os estudantes de direito e a vila dos pescadores, 40% e 48% responderam, respectivamente que não conhecem. A maioria dos pesquisados respondeu que há um favorecimento ao comércio de órgãos, a possibilidade de qualquer pessoa capaz e autorizada judicialmente ser doador de órgãos em vida. Conclui-se que nos três grupos há uma forte tendência para doação de órgãos após a morte encefálica e em vida, como também deficiência no conhecimento sobre a doação de órgãos e uma certa desconfiança no setor público